Estou há mais de 6 meses sem escrever nada aqui. SEIS MESES!!!
Então resolvi parar pra refletir um pouquinho, tentar entender o porquê dessa pausa não planejada e preguiça generalizada de registrar minha vida por aqui.
Já falei outras vezes que minha relação com esse espaço é tipo aquela máxima do queijo suíço:
“Quanto mais queijo, mais buracos
Quanto mais buracos, menos queijo
Portanto… quanto mais queijo, menos queijo”
Quanto mais acontecimentos e mudanças na minha vida, menor a chance de eu parar por tempo suficiente pra refletir e registrar aqui. Porque eu demoro né, comigo não tem essa de escrever rapidinho enquanto a comida esquenta, porque fico pensando na morte da bezerra, traçando paralelos e tal. Aí você diz: bah, Gabi, mas então você escolheu um método muito paradoxal pra fazer teus registros, né. E realmente, o instagram acaba sendo um querido diário muito mais fiel ao meu dia a dia porque leva de alguns segundos a alguns minutos pra postar, dependendo da complexidade da legenda, e ainda que a legenda seja só um emoji da preguiça, a foto estará lá, e eu me lembrarei de quando ela foi tirada.
Só que nesses últimos meses, até isso tem ficado meio em segundo plano. Um tempo atrás recebi uma mensagem privada no instagram de uma menina muito querida e simpática, dizendo que adora minhas fotos mas estava sentindo falta da minha personalidade, das minhas legendas espirituosas e piadinhas que acompanhavam as fotos. Que os posts estavam ficando meio genéricos, ela olhava e não sabia mais quem tinha postado.
A grande verdade é que muitas coisas mudaram (para melhor!!!) na minha vida!
Desde o meu último post aqui no blog, o Alex voltou a morar em Londres, eu passei pelo maior obstáculo profissional (e psicológico) da minha –reconhecidamente– privilegiada existência, nós passamos juntos pela caça ao tesouro imobiliário londrino (e pesadelos associados, haha), fizemos mudança no melhor estilo londrino, usando metrô, muitas malas e muito bíceps, mobiliamos o flat com direito a múltiplas idas à Ikea e muito suor e lágrimas para montar tudo sozinhos (#dramalhão #mentira), estabelecemos uma nova rotina, curtimos muito o verão inglês com direito a inúmeros piqueniques e atividades ao ar livre, e agora sim a vida está estabilizando.
Paralelamente a tudo isso, aconteceram muitas mudanças internas também. Quando eu me mudei pra cá, eu tinha poucos amigos e a natureza do meu trabalho significava que os poucos amigos que eu tinha do trabalho estavam sempre de plantão em horários incompatíveis com os meus, então eu passava muito do meu tempo sozinha. O whatsapp e o instagram eram minhas companhias constantes, e como eu já disse antes, sou muito reflexiva, então usava os posts como forma de externalizar todas essas minhas elucubrações, observações e trocadilhos bobocas que meus amigos gringos provavelmente não entenderiam. Devo muitas das minhas amizades atuais ao instagram, mas à medida que elas foram atravessando a barreira da internet para a vida real, e especialmente depois que o Alex voltou pra cá, eu diria que em boa parte das atividades que faço no meu tempo livre, eu estou acompanhada. Acompanhada de uma pessoa real -seja meu namorado, sejam amigas- cuja companhia eu prezo demais, e portanto tenho feito um esforço consciente de não abandonar a ver navios enquanto enfio a cara no celular pra postar uma foto no instagram com uma legenda enorme e reflexiva. Isso não quer dizer que eu não queira mais ou não goste mais de filosofar – muito pelo contrário, no fundo sou uma pessoa introspectiva, e sinto uma necessidade quase física de curtir minha própria companhia, então sempre procuro assegurar um tempo comigo mesma. Desse tempo invariavelmente surgem reflexões que eu gostaria de, em algum momento, compartilhar, mas o fato é que a esfera virtual não tem sido uma prioridade na minha vida ultimamente.
Outra razão pro meu sumiço é um pouco mais complexa. Eu nunca tive a intenção de escrever para outrem, heheheh. Não me entenda errado: eu adoro as interações da internet – acredito que elas inspiram, agregam, desafiam, engrandecem a gente (se a gente filtrar quem a gente segue, mas isso é assunto para outro post). E também não dá pra negar que todo mundo tem um pouquinho de Narciso dentro de si: é legal ver as pessoas se interessarem pelas tuas opiniões, é legal receber comentários e atenção, e principalmente é recompensador para a psiquê humana receber a validação dos coleguinhas, ainda mais se os coleguinhas forem gente com ideais parecidos, gente que a gente respeita. Por mais blasé e too cool for school que você queira parecer, o seu subconsciente tá lá, se regozijando com cada sinal de aprovação que você recebe, seja online, seja na vida real. Tô pra ver alguém ter a cara de pau de negar. Mas meu objetivo maior com esse espaço é descaradamente egoísta: quero manter um registro da minha vida, dia a dia, mudanças de perspectiva e objetivos, etc etc. Aí você diz: mas Gabi, se é assim então faz um blog privado! E eu respondo: “oi, meu nome é Gabriela, e estou há 0 dias sem procrastinar”. Hahahahah gente, se nem com amigos perguntando de vez em quando “e aí Gabi, abandonou de vez o blog?” eu me mexo pra escrever, imagina se ele fosse trancado só pra mim?! Então fico dividida entre os benefícios do compartilhamento, e uma certa resistência intrínseca de escancarar minha vida privada na internet, mesmo que haja meia dúzia de gatos pingados lendo. Não sou uma pessoa particularmente aberta, quando estou passando por momentos difíceis prefiro dividir só com as pessoas mais próximas, mas ao mesmo tempo não quero que esse blog seja uma coleção superficial dos highlights da minha vida (que aliás nem isso eu tenho conseguido manter). Muito mais do que o fim de semana estendido no Báltico, ou o dia em Wimbledon, ou o piquenique de verão na beira do rio, acredito que o meu eu é definido por aqueles momentos em que apesar das renúncias, de repente em um momento super simples e ordinário toda a sua vida faz sentido, e também pelas grandes superações, pelas dificuldades, perrengues e medos que cada um enfrenta. Dificuldades, perrengues e medos estes que eu não tenho uma habilidade natural, nem facilidade para relatar.
No fim das contas, independentemente de qualquer outra coisa, sempre achei que escrever me ajuda a entender meus próprios sentimentos, sabe, organizar as idéias. Depois de passar naquela prova difícil que passei em maio, um dos requerimentos de um dos mentores que me ajudaram era que eu escrevesse um email pra ele refletindo sobre toda a experiência. Nesse último domingo, precisei procurar um negócio relacionado na minha caixa de emails, e reli tudo. Gente, impressionante como escrever pra mim é o equivalente daquela comunidade antiga do orkut que dizia “Chorar resolve”. Hahahah… Incrível o quanto colocar preto no branco me ajuda a fazer sentido das coisas. Pode até não mudar nada na minha vida no aspecto prático, mas só o fato de colocar pingos nos meus is internos me fortalece e me inspira.
Agora que a vida está se estabilizando, vou voltar a priorizar um tempinho por semana aqui, porque afinal de contas, se ter o registro é importante pra mim, preciso organizar o meu tempo pra fazer acontecer, certo?! Talvez eu tente escrever posts mais curtinhos e frequentes, ao invés de escrever essas odisséias que normalmente escrevo, pra ver se funciona melhor. Então, como diz o exterminador do futuro: I’LL BE BACK! 😂